Baianos de Jitaúna viajarão quase 20 horas para a UPA
Antes de 1970, Jitaúna (BA), a 1.597 quilômetros de Campinas (SP), sonhava em ter uma escola, então o governo estadual da Bahia entregou à população uma unidade escolar com duas salas de aula, nas quais funcionavam a primeira e a segunda séries nos períodos matutino, vespertino e noturno, quando funcionava o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). Ao longo do tempo, a escola, que recebeu o nome da professora Valmir Oliveira Gomes, mostrou que a cidade sonhava com outras oportunidades, entre elas o ensino fundamental completo e depois o ensino médio. Hoje, com três turmas de ensino médio e com o nome alterado para Colégio Estadual Valmir Oliveira Gomes (Cevog), a instituição realiza outros voos, como mostrar aos seus alunos de ensino médio a diversidade de universidades de excelência nas quais têm a possibilidade de entrar para obter uma formação profissional qualificada.
São sonhos como este que fazem estudantes e professores viajarem quase 20 horas para Campinas, a fim de conhecer a Unicamp. A lista crescente de inscrições do evento Unicamp de Portas Abertas (UPA),que acontecerá em 1º de setembro, é composta não somente de escolas, mas de muitos sonhos. É o caso do gestor do Cevog Cláudio Coutinho, formado em geografia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), na Bahia, que sonha em ver seus alunos num banco de universidade. “Aqui não há tantas oportunidades, então criamos o Projeto Trilhas para levar os alunos a outras instituições de ensino superior.
Queremos mostrar que eles podem ter acesso a universidades como a Unicamp e só dependem de conhecimento. Vamos fazer de tudo para estar aí em setembro”, declara Coutinho.
O Cevog inscreveu 80 alunos na UPA. De acordo com Cláudio, há comprometimento de cada profissional do Cevog em garantir ensino de qualidade e diferenciado aos alunos. Vários ex-alunos, muitos da zona rural, hoje já possuem graduação, por causa da dedicação dos professores, todos graduados. “Nem tudo é dinheiro. Temos de buscar meios para garantir conhecimento aos nossos alunos”, diz. Em 2011, uma aluna da zona rural, de 30 anos, foi classificada para o concurso Parlamento Juvenil do Mercosul, mas foi desclassificada pela idade. O título da redação era “O ensino médio que queremos”. A aluna está entre as pessoas que Coutinho pretende trazer para a UPA. O colégio incentiva os alunos a participarem de olimpíadas e recebe caminhões de desafio de conhecimento de universidades.
Além do Cevog, o estado baiano tem mais uma escola confirmada e uma inscrita. A participação ratificada é da Escola Comunitária Luiz Mahim, de Salvador. Os estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro também serão representados, de acordo com as inscrições.